quinta-feira, 8 de abril de 2010


As estatísticas comprovam que os jovens são os mais atingidos pela violência, com maioria nos registros de homicídio e nas prisões. Não há dúvida de que a falta de perspectivas (econômicas, sociais, culturais) vislumbrada pela maioria dos jovens é forte componente de mobilização de muitos contra a sociedade que os exclui. Incluem-se aí setores da classe média que, há duas ou três gerações, precisavam apenas que seus filhos passassem no vestibular para ter um futuro garantido. Hoje, impressiona o número de jovens que praticam atos criminosos sem nenhum motivo socioeconômico aparente para isso.
A banalização da violência proporcionada pelo conteúdo da grande maioria dos meios de comunicação certamente também contribuiu para o aumento de agressividade nas novas gerações. De um modo geral, nos filmes e até nos desenhos, assistimos diariamente os heróis ridicularizarem o cotidiano tranqüilo e a vida ''comum'', valorizando o espetacular e mitificando a arma de fogo como símbolo de poder.
Se somarmos a isso a crise do Estado-nação, que vem encolhendo sem estabelecer medidas de suporte social para esse impacto, e a crise moral resultante do mau comportamento de grande parte dos representantes do povo que deveriam dar bons exemplos, concluímos ser grave a situação. E pode piorar.
Medidas contra violência devem ser feitas com urgência, mas o discurso de ''acabar com a violência em 100 dias'' é demagógico e irreal. Assim como é demagógico e irracional defender a pena de morte e prisão perpétua como meio de intimidar os criminosos. É bom lembrar que o jovem que se envolve com o tráfico sabe que suas chances de ultrapassar os 25 anos de vida são mínimas e nem por isso deixa de fazê-lo.
É muito importante incentivar o protagonismo juvenil, mediante o qual os jovens possam ir assimilando novas formas de relacionamento como princípios de solidariedade, companheirismo, e fraternidade, de modo a levá-los a ver que tinha razão o poeta Vinicius quando nos lembrou que ''é impossível ser feliz sozinho''. E isso não pode ser entendido como tarefa só dos governantes. O papel dos pais, dos educadores e especialmente dos meios de comunicação são fundamentais.
Se quisermos de fato reduzir os índices de violência, a primeira ação objetiva é perguntarmos a nós mesmos se também não estamos sendo agressivos, individualistas, egoístas e, também, o que estamos fazendo para que a cultura de paz esteja se impondo à cultura da violência.
A maneira mais eficaz de combater a violência não é aplicando a lei de talião, ou seja, com mais violência, mas, sim, com ações efetivas que envolvam poder público, meios de comunicação e sociedade civil na busca de promover a solução dos problemas socioeconômicos e a cultura de respeito e amor ao próximo.

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