quarta-feira, 7 de abril de 2010

Famílias com pessoas deficientes visuais: um estudo de caso


Apresento a seguir o resumo do trabalho para conclusão de minha especialização em intervenção sistêmica com casais e famílias. Ressalto que os interessados poderão obter o trabalho na íntegra através de email. Considero relevante em uma época de “incluir” debater a forma como a família compreende a deficiência de um de seus membros. Ressalto que na pesquisa em questão a deficiência visual fora escolhida para a realização do trabalho.
O presente estudo surgiu das reflexões cotidianas de nossa prática profissional, justificado pelos frequentes e expressivos momentos diários, no qual vozes sociais estabelecem uma visão de que um filho deficiente é um fator de risco, ao ponto de produzir problemas na família. Assim, no cotidiano percebemos que a palavra deficiência vem atrelada a aspectos negativos como: "risco" ou "problemática". Para Ribas (1994) a família recebe toda a carga ideológica que prevalece no interior da cultura. Assim, a palavra deficiente apresenta uma "conotação negativa". Dessa forma a família não deixa de olhar aquele filho que nasceu com uma deficiência ou que se tornou deficiente como alguém incapaz, dependente de seus cuidados.
Para dar conta do tema "deficiência visual e família", além do visível e do sensível, precisamos estar juntos deles, dos sujeitos de pesquisa, para se tornarem compreensíveis diante de seu sentido e de seu significado. Assim, um olhar sistêmico no mundo na perspectiva da significação, do verdadeiro, do real, do autentico, é próprio e único para cada pessoa.
Frente a esse contexto, passar pelo processo de conhecer e viver o mundo cientifico está sendo um desafio para nós, visto que em toda a nossa formação familiar, escolar e religiosa fomos sempre direcionados a ver o mundo separadamente, fechado, simplificado, diante de uma lógica linear. E agora, diante dessa nova etapa dentro de uma visão sistêmica em que passamos a transmitir o que apreendemos, surgem as incertezas, ordens e desordens. Será isso efeito da nova visão de mundo baseada na possibilidade de inter-relação entre os fenômenos? Construir esse trabalho constitui em pensar essa nova realidade cientifica, o da complexidade, que nos remete ao pensamento Sistêmico.
A Teoria Sistêmica surge como uma nova visão da realidade. Ludwing Von Bertalanffy pioneiro da Teoria Geral dos Sistemas afirma que todo e qualquer organismo é um sistema, que implica a existência de uma ordem dinâmica entre vários componentes e processos em mútua interação.
Partindo dessa compreensão, a família pode ser vista funcionando como um sistema. No entanto, o maior desafio enfrentado por aqueles que tratam famílias é avistar além das individualidades e alcançar os padrões de influência que produzem o comportamento dos membros da família. Pois, o comportamento dos indivíduos está relacionado com os comportamentos dos demais, uma vez que todo comportamento é uma forma de comunicação, e um indivíduo não pode deixar de se comunicar. (Nichols & Schwartz, 2007)
O presente trabalho é de fundamental importância para que possamos refletir sobre o sistema familiar, compreendendo o sujeito no contexto social no qual está inserido, bem como as dificuldades que vão aparecendo dentro do sistema da pessoa deficiente e suas emoções. Sobretudo compreender que não é somente um dos membros, como paciente identificado, que deve ser direcionado o olhar, mas toda a família do qual o mesmo é apenas o produto.
O processo metodológico adotado para desvendar as questões levantadas nessa pesquisa, se fundamenta através de uma pesquisa bibliográfica, e uma pesquisa de campo.
Para tanto, o presente trabalho foi organizado da seguinte maneira: inicialmente, serão apresentados os tópicos: Um breve olhar sobre deficiência visual. Portador de deficiência ou necessidades especiais. Concepção de família e suas transformações. Família e a pessoa com deficiência. Em seguida, será mostrado o método aplicado na pesquisa. Resultados e discussão de dados. Por fim, seguem-se as considerações finais em função dos objetivos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A deficiência visual produz reflexos significativos no comprometimento de diferentes habilidades e atividades cotidianas do individuo, afetando para além de uma unidade de vida pessoal, indo em direção ao sistema familiar. Segundo Klaus (2000) geralmente os pais desejam o mundo para os seus filhos, querem que sejam saudáveis, felizes e independentes, curiosos da vida, amorosos e responsivos. A espera de um filho é um momento ímpar, de planejamentos, sonhos e expectativas. Os pais constroem no seu imaginário um bebê à sua imagem e semelhança, idealizam um bebê perfeito no qual depositam todas as suas fantasias e aspirações. Essas expectativas são rompidas pela “realidade”, quando nasce uma criança com uma deficiência. Durante o decorrer desse estudo pode-se perceber que dentro do sistema familiar a figura da mãe aparece como a responsabilidade central. Essa concepção deve ser aos poucos re-elaborada. Todas as pessoas da família são responsáveis por cada membro. A importância desse fato não pode ser esquecida, pois, de outra forma, podem ser inúmeros os problemas familiares resultantes.

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