domingo, 30 de junho de 2013

Pílulas anti estresse


Você sabia que o estresse é uma reação normal de nosso organismo? Isso mesmo. Não podemos viver sem nos estressar. Afinal, o termo estresse está relacionado a nossa capacidade de adaptação frente a situações novas e/ou inusitadas. O problema que nossa sociedade está exigindo de nós cada vez dedicação e exigência no que se refere a nossa capacidade laboral e consequentemente produtiva.  Temos que ser pais, mães, profissionais, filhos, esposos, esposas, namorados, namoradas e por aí vai.... A cada dia assumimos mais um função e aí é que os problemas começam a surgir.
Por este motivo resolvi criar esta tag “Pílula anti estresse”. Desejo informar através de orientações simples formas adequadas de começarmos a controlar nosso estresse para que ele não se transforme em algo patológico.
Portanto vamos começar.
1 - Evite o estresse desnecessário;
1.1- Aprenda a dizer “não” – Conheça os seus limites e tente cumpri-los. Seja na sua vida pessoal ou profissional, se recuse a aceitar responsabilidades adicionais antes de se comprometer com elas. Aceitar mais responsabilidades do que você consegue ou está preparado é uma receita infalível para o estresse;
1.2- Evite pessoas que lhe provoquem estresse incapacitante – se alguém consistentemente lhe irrita em sua vida e você não consegue evitar que isso aconteça, limite o tempo que passa com essa pessoa. Se isto não for possível, tente perceber se existem alternativas que o capacitem na determinação de uma solução intermédia.
1.3 - Tente ganhar controlo sobre o seu ambiente – Se as noticias dos jornais e TV o fazem ansioso, desligue a TV ou feche o jornal. O tráfico te deixa tenso, tente ir por um caminho com menos fluxo de veículos. Se ir às compras sozinho o estressa, arranje companhia. Tente sempre que possível descobrir uma alternativa que esteja sobre o seu controlo, que possa decidir por si e executar na hora.
1.4 - Evite tópicos “quentes” – se fica facilmente chateado com assuntos religiosos ou políticos, ou outro qualquer assunto que funcione como um gatilho para lhe disparar a resposta de stress, evite, risque esses assuntos da sua lista de prioridades. Aborde essas questões só em situações extremamente necessárias e preparado para tal. Se você repetidamente argumenta sobre os assuntos “incómodos” com as mesmas pessoas, pare de o fazer ou arranje uma boa desculpa e evite entrar na discussão.
Organize por prioridades a sua lista de coisas a fazer – analise o seu calendário, responsabilidades, e tarefas diárias. Se tem muitas coisas para realizar, distinga entre os “deveria” e os “tenho”. Tente perceber aquilo que realmente importa fazer e não aquilo que acha que deveria fazer. Tente hierarquizar em termos funcionais as sua prioridades. Por exemplo, pergunte-se: “de 0 a 10 qual o grau de importância que esta tarefa tem?”, “de 0 a 10 qual destas tarefas tem de estar pronta hoje?”. Coloque as tarefas que não são efetivamente necessárias no fim da sua lista ou elimine-as mesmo.

E você? Tem se sentido estressado? Compartilhe conosco sua experiência. 

Pensamento da Semana


segunda-feira, 24 de junho de 2013

É IMPORTANTE COLOCAR ALEGRIA NA SUA VIDA!

Existe uma enorme diferença entre prazer e alegria. Quando conseguimos fazer uma distinção clara, movimentamo-nos muito mais rapidamente para aquilo que pretendemos atingir na vida e com muito mais energia. Mihaly Csikszentmihalyi descreve muito bem esta diferença no seu livro, Flow – o estado psicológico que entramos quando a noção de tempo desaparece e nos sentimos completamente emersos naquilo que estamos a fazer. Csikszentmihalyi distingue aquilo que fazemos por prazer (sexo, comer, beber, descansar, etc.) daquilo que fazemos por alegria e gozo.
A Alegria e gozo, são mais profundos. A alegria e gozo, envolvem sempre o uso de uma habilidade ou capacidade, e igualmente a noção de desafio. Certamente o objetivo de subir ao Evereste, tem como fim último a alegria e contentamento retirada do fato de ter conseguido ultrapassar o desafio árduo, e assim ter como recompensa todas as sensações vividas. Desta forma, velejar, jardinar, pintar, jogar futebol, cozinhar, cantar, ou outra qualquer atividade, envolvem habilidades, como tal constituem um desafio que leva a alegria, contentamento e gozo. Retirar da vida o que ela tem de melhor, promover as forças e virtudes de cada indivíduo é uma perspectiva abraçada pela Psicologia. Esta é uma abordagem que expresso na grande maioria dos meus artigos, pois olho para a vida de uma forma projetiva, virada para o futuro e para os objetivos que as pessoas pretendem alcançar através daquilo que melhor nelas existe. A alegria, é algo inato a todos nós, vimos ao mundo com um código genético preparado para o sentimento de esplendor, o nosso corpo é um templo da felicidade, se assim olharmos para ele.

FATOR PROMOTOR
No entanto, para que o gozo na vida possa ser vivenciado é necessário dominar um conjunto de habilidades. O gozo emerge do mais íntimo da pessoa, está associado a algo que depende dela e da aprendizagem e aprimoramento que fez. Por outro lado, dedicar-me ao ócio, a ficar somente assistindo a filmes, ao sabor de uma bela refeição, de um cigarro, ou dos videogames não será necessário grande investimento psicológico ou habilidades para tirar prazer disso. As pessoas que estão conscientes disso, começam a retirar mais gozo e alegria das suas vidas. Elas conseguem alcançar o estado psicológico de preenchimento total, de felicidade e emersão na atividade, conhecido como, “Fluxo”. Melhorar as habilidades e propor-se a desafios para retirar alegria e gozo dessas mesmas habilidades é um fator promotor para ter uma vida muito mais agradável e realizada.
Não quero transmitir a ideia de que você não deverá dedicar-se às outras atividades naturalmente prazerosas. Este tipo de prazer é conhecido no mundo da psicologia como adaptação hedónico (adaptação natural a acontecimentos considerados positivos e prazerosos). Este tipo de prazer tem o seu lugar e é importante para o nosso bem-estar, deveremos usufruir dele. Entretanto se faz necessário perceber que este tipo de prazer que nos é natural, é regulado pela lei dos retornos decrescentes. Este tipo de felicidade raramente dura mais que um bom par de horas, atinge um pico e depois desce. Desta forma, deveremos tentar a coexistir com os dois tipos numa relação saudável e confortável.
Poderemos encaixar o estado psicológico de fluxo, no conceito de capital psicológico. Este conceito, transmite a ideia de que deveremos investir nas habilidades, competências, virtude e valores que possuímos e associar-lhes um conjunto de sensações de bem-estar e realização pessoal. Deveremos aumentar o nosso capital psicológico, com o objetivo de podermos retirar gozo e alegria desse investimento. Se eu não tiver nenhum tipo de capital financeiro, eu não poderei comprar nada, não poderei gastar nada. Para gastar é necessário, ganhar, para ganhar é necessário trabalhar. O mesmo se aplica ao capital psicológico e ao retorno desse investimento.

IMPORTANTE: Quanto mais investir, maior será a possibilidade de retorno. Aqui o retorno será em alegria, gozo, contentamento, gratificação e realização pessoal.

E VOCÊ, EM QUE ATIVIDADE SENTE O PULSAR DA VIDA?

Partilhe conosco algumas das atividades em que se sente emerso, alegre, realizado. Grande abraço. Participe e comente!

domingo, 23 de junho de 2013

Sexualidade e Transplante de Órgãos

A sexualidade é um aspecto central do ser humano ao longo da vida e abrange sexo, identidade de gênero e papéis, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. A sexualidade é vivida e expressada em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relacionamentos. Enquanto a sexualidade pode incluir todas as dimensões, nem todas elas são sempre vivenciadas e expressadas.
A sexualidade é influenciada pela interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais, éticos, legais, históricos, religiosos e espirituais.
Neste contexto, pacientes em programa de transplante de órgãos vivenciam uma doença crônica de caráter irreversível, que indubitavelmente altera sua qualidade de vida e consequentemente sua sexualidade. Assim, o funcionamento sexual é um dos primeiros aspectos da vida “normal” que é interrompido pelos sintomas físicos e emocionais acarretados pela doença.
A sexualidade no transplante não deve ser subestimada, uma vez influencia na qualidade de vida dos pacientes. Na literatura há poucos estudos que trabalham esta temática nos transplantes. Sem dúvida, ainda é um tabu conversar sobre este assunto com os pacientes, de modo que muitos profissionais da saúde não questionam seus candidatos e receptores de transplante sobre alterações relacionadas a sexualidade.
Tratar sobre a sexualidade não deve ficar limitados aos pacientes submetidos a um transplante de órgãos, uma vez que na fase pré-transplante, quando o paciente apresenta uma doença crônica irreversível, alterações desta natureza causam impacto significativo na sua vida, incluindo a presença de distúrbios que podem causar problemas no relacionamento do paciente com seu cônjuge. Neste período, os fatores etiológicos associados com disfunções sexuais estão associados a condições médicas (doença crônica, alterações endócrinas, doenças cardiovasculares e alterações neurológicas), fadiga crônica, perda da libido, uso de medicamentos (agentes anti-hipertensivos, antidepressivos, anticonvulsivantes, estatinas), além do uso abusivo de nicotina, álcool, esteroides, anabolizantes dentre outras drogas.
Os candidatos a um transplante, desde a indicação para cirurgia, direcionam sua vida para a sobrevivência e recuperação. Após o transplante os receptores recuperam sua saúde e resistência, e uma nova questão torna-se importante: quando e quanto a vida sexual e a intimidade voltarão ao normal? Para responder a este questionamento, as equipes de transplante precisam estar preparadas para auxiliar seus pacientes a obterem respostas a esta pergunta.
Indubitavelmente, a sexualidade é uma parte importante da vida cotidiana e também uma parte de quem somos como homem, mulher e parceiros. A sexualidade é uma forma de satisfazer as necessidades para o toque, proximidade, cuidado lúdico e prazer.
Sentimentos sobre a sexualidade fornecem entusiasmo para a vida, tem grande impacto sobre a autoestima e imagem corporal, e, sem dúvida, afetam as relações com os outros. Tão importante quanto isso é para cada um, muitos pacientes e profissionais da saúde das equipes de transplante não discutem o impacto da doença, do tratamento ou da cirurgia na saúde sexual dos pacientes.
Dentre os possíveis distúrbios relacionados à sexualidade nos homens destaca-se a disfunção erétil relacionada a medicamentos, alterações hormonais, alterações da irrigação vascular da área pélvica e presença de depressão. Nas mulheres destacam-se a disfunção ovariana, amenorreia, diminuição ou perda da libido e da fertilidade. Nestes caso, após o transplante, pacientes do sexo feminino precisam tomar várias precauções para se evitar uma gestação ainda durante o período de recuperação da cirurgia, sendo recomendado o uso de métodos contraceptivos. Ressalta-se que a gravidez bem sucedida após o transplante é possível, no entanto, ela deve ser planejada sob supervisão médica.
Em relação a atividade sexual, as equipes de transplante normalmente recomendam esperar de 4 a 6 semanas após a cirurgia para se iniciar.
Após o transplante os pacientes ainda podem apresentar pouco interesse no sexo. A perda de interesse em sexo pode ser devido a problemas muitos reais incluindo as preocupações com a sobrevivência, medo e depressão, presença de náuseas e vômitos, conflitos de relacionamento ou qualquer emoção ou pensamento que mantém o longe de se sentir sexualmente excitado. Isso pode incluir ansiedade do parceiro por não gostar das alterações no corpo do receptor do transplante. Outras causas de interrupções na sexualidade podem ter base na presença de doenças, uso de medicamentos e mudanças físicas no corpo. Estas incluem o ganho ou perda de peso, acne, crescimento de pelos indesejados ou perda de cabelo. Para alguns pacientes, cicatrizes, cirúrgicas podem levá-los a se sentir pouco atraente e assim diminuir o seu interesse pelo sexo.

O Brasil está se tornando uma referência no que se refere a transplante de órgãos. As equipes envolvidas buscam constantemente aperfeiçoar todo o processo que se inicia com a inscrição do paciente na fila única até o transplante propriamente dito. Desta forma, estudar e buscar compreender de forma mais refinada o tema abordado se faz presente. Afinal, o principal objetivo de um transplante deve estar pautado no resgate da qualidade de vida de nossos pacientes.